Programa ‘Um Milhão de Cisternas’ recebe prêmio internacional como política para o futuro e como exp
- Edição: Simone Benevides
- 12 de set. de 2017
- 3 min de leitura

“Trabalhar reconhecendo que as pessoas são sujeitas de suas histórias e são capazes de modificar suas histórias pra melhor”. É assim, que a fala de Naidison Quintella, da coordenação da Articulação Nacional do Semiárido (ASA Brasil), definiu o seu sentimento e o trabalho que inspira as organizações que atuam no Semiárido brasileiro, na perspectiva da convivência com essa região.
A afirmação foi feita, na ocasião de entrega do prêmio Política para o Futuro (Future Policy Award, em nome original), em Ordos, na China, na manhã, da última, segunda-feira, 11 de setembro.
Em uma cerimônia prestigiada por mais de 500 pessoas, a experiência da ASA foi premiada como política para o futuro e como experiência exitosa de combate à desertificação, garantindo-lhe assim, o segundo lugar mundial, do prêmio.
A premiação reconheceu a política pública Programa Cisternas, construída entre a sociedade civil, representada pela ASA, e os governos do Brasil, passando pelas gestões de Fernando Henrique, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer, como uma das mais eficazes medidas mundiais para se combater a desertificação do solo e suas graves consequências sociais. O governo brasileiro foi representado pelo Chefe do Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, Marcelo Böhlke.
O prêmio, considerado o "Oscar internacional para as melhores políticas", homenageia leis e práticas que combatem com sucesso a desertificação e a degradação da terra e é concedido pelo World Future Council (WFC), em cooperação com a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD). Além do Brasil, iniciativas da Etiópia e China também estão entre as laureadas.
Para Naidison, a premiação de hoje, concedida diante de representantes de 300 ministros e convidados de alto nível de nações em todo mundo, “significa um reconhecimento imenso. Isso significa que a ASA não pode abrir mão de seu projeto de convivência com o Semiárido, não pode abrir de trabalhar com os mais pobres, não pode abrir mão de construir com os agricultores e agricultoras, com os marginalizados, a convivência com o Semiárido. É isso que trago hoje no meu coração. É isso que aquela multidão que nos aplaudiu, nos diz, que nossa ação é digna de nota, nos diz que nossa ação é bonita, nos diz que nossa ação é boa e que nós devemos continuar a luta.”
A cerimônia de premiação foi realizada durante um evento que o governo chinês fez para o alto comissionado da UNCCD. A China sedia a 13ª sessão Conferência das Partes da UNCCD (COP 13) até o dia 16 deste mês.
Há 18 anos, no evento paralelo à terceira edição da COP, realizada no Recife, organizações que atuavam na região Semiárida lançaram a Declaração do Semiárido Brasileiro, considerada um marco para a fundação da ASA e para a ruptura com o paradigma do combate à seca.
A Declaração aponta medidas estruturantes para o desenvolvimento sustentável da região, pauta um conjunto de medidas políticas e práticas de convivência com o Semiárido e, nesse contexto, propõe a formulação do programa Um Milhão de Cisternas, cuja construção foi iniciada há dez edições da COP, a semente que permitiu a sua concretização.
Sobre a premiação – A 10ª edição do Prêmio Política para o Futuro objetiva chamar mais atenção para a desertificação e formas efetivas de combatê-la. Segundo o texto oficial de divulgação, “no século passado, as secas custaram mais vidas do que qualquer outra catástrofe relacionada com o clima. As mudanças climáticas intensificam o processo de desertificação. As ações para combater a desertificação, portanto, não só contribuem para proteger o meio ambiente, mas também podem proporcionar estabilidade social e política.”
Imagem: ASACOM
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